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Ana Regina Noto
é professora adjunta
do departamento de Psicobiologia da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Colaboração de
Pollyanna Santos da Silveira
,
pesquisadora do Crepeia-UFJF e doutoranda da Unifesp.
Campanha Nacional Sobre Droga nas Escolas Superiores
Coordenada pelo CIEE, por delegação da Senad, consiste na realização de seminários em campi de universidades e faculdades, na distribuição
de folders informativos e na veiculação de matérias com informações de especialistas sobre o tema. As instituições de ensino interessadas
na realização de seminários sobre prevenção ao uso de drogas devem contatar o CIEE pelo e-mail:
.
Sobre Drogas
Ana Regina Noto
A
dependência de substâncias tem sido considerada
uma das condições mais estigmatizadas tanto pela
população em geral quanto por profissionais de saúde,
educação e justiça. Esse contexto compromete considera-
velmente a forma como a questão é tratada pela sociedade
e, consequentemente, representa um obstáculo adicional
a ser superado no processo de recuperação. A percepção
negativa sobre a dependência reduz a busca de ajuda, o
compromisso dos dependentes com o tratamento, bem
como a maneira como os mesmos podem ser integrados
na comunidade. Mesmo quando os recursos apropriados
estão disponíveis, muitos dependentes que poderiam ser
beneficiados preferem não procurá-los ou, quando o fa-
zem, desistem prematuramente ao perceberem o estigma.
Como consequência, pode ocorrer isolamento social,
perda de emprego, dificuldade de acesso aos serviços de
saúde, agravamento da dependência e dificuldades de re-
lacionamento. O estigma também diminui a autoestima, o
desejo e a crença na possibilidade de recuperação. Assim,
muitos se afastam do convívio social, prejudicando as
suas relações e, consequentemente, reforçando a situação
de exclusão, ao deixar de buscar oportunidades de empre-
go e tratamento. Dessa forma, a exclusão social gera um
ciclo vicioso, à medida que agrava a condição de saúde
do usuário de drogas, o que, por sua vez, contribui para
maior estigmatização.
Os familiares dos dependentes também sofrem as conse-
quências e evitam procurar ajuda. Muitas vezes isso ocorre
por que a família se sente responsabilizada pela dependên-
cia. Apesar dos avanços científicos nas áreas da medicina,
psicologia e sociologia, infelizmente, a dependência ainda é
carregada de julgamentos morais que precisam ser supera-
dos. Diante das consequências do estigma, são necessárias
iniciativas que ajudem os dependentes e familiares a ultra-
passar esse obstáculo. A divulgação de informações de qua-
lidade sobre a dependência é um dos primeiros passos para
a mudança de atitude. Os meios de comunicação poderiam
contribuir para o esclarecimento da população, mas, mui-
tas vezes reforçam ainda mais conceitos negativos sobre a
dependência. A superação do estigma é um processo que
depende de amadurecimento e tende a ocorrer a muito
longo prazo. Dessa forma, serviços de ajuda por telefone,
como o 132, bem como iniciativas pela internet, como o
site
Beber Menos
(
)
, represen-
tam importantes caminhos para garantir o anonimato e
encorajar pessoas a procurarem ajuda.
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