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Despedida ao poeta e
compositor paulista
“Penso, às vezes, que seria possível aplicar a ele um verso de Manoel Bandeira sobre Murilo Mendes, dizendo
que é um conciliador de contrários, pois não é frequente alguém ser compositor original, zoólogo de fama e
intelectual capaz de conceber formas avançadas de organização do trabalho científico – isso sem deixar de
ser boêmio matriculado e alegre conversador, caudaloso e sempre disponível”. As palavras são de Antonio
Candido, crítico literário e Professor Emérito 2003. O perfil é de Paulo Emílio Vanzolini, o Professor Emérito
CIEE/Estadão 2004. Esse foi um dos momentos emocionantes na manhã de 15 de outubro, quando reitores,
educadores, empresários, músicos e autoridades se reuniram no auditório de O Estado de S. Paulo, na capital
paulista, para homenagear Vanzolini, o maior especialista brasileiro em herpetologia – ramo da zoologia que
estuda os répteis. E também compositor dos melhores, alçado à categoria de porta-voz musical dos paulista-
nos, escolhido pelo povo. São de sua autoria as canções
Ronda
e
Volta por cima
, entre as de maior sucesso. Ao
todo, escreveu mais de 70 composições.
Formado em medicina com doutorado em zoologia pela
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Vanzolini de-
senvolveu as duas carreiras paralelamente, tendo dirigi-
do o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo,
além de trabalhar na produção dos programas de Araci de
Almeida, na TV Record, na década de 50. Morreu na noite
de 29 de maio, na capital paulista, vítima de complicações de
uma pneumonia, aos 89 anos. Deixa mulher, a cantora Ana
Bernardo, e cinco filhos do primeiro casamento.
Contribuição ao
direito e à cultura
Em 28 de novembro de 1979, o presidente João Figueiredo assinou uma lei
que ficou mais conhecida pelo nome de um advogado paulistano:
Renato
Ferrari
. Seu autor havia passado quatro anos tentando aprovar o texto. A Lei
6.729 regulamentou as relações entre fabricantes e distribuidores de veículos.
Formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), o neto de italia-
nos e filho de comerciantes chefiou, no início da carreira, o departamento
jurídico da SulAmérica Seguros. Trabalhou para bancos; presidiu a Pibigás,
uma companhia italiana de gás liquefeito de petróleo (GLP); ajudou a fun-
dar o Sindigás, sindicato das empresas distribuidoras do combustítel, que
também presidiu, e esteve à frente da Associação Brasileira de Revendedores
Autorizados de Veículos (Abrave), futura Fenabrave. Entre 1984 e 1987 presi-
diu a Fundação Padre Anchieta, e logo em seguida tornou-se secretário mu-
nicipal da Cultura na gestão de Jânio Quadros. O autor da obra
Paz tributária
também foi conselheiro do CIEE de 1998 a 2000. Até a sua morte, em 3 de
maio, aos 88 anos, na cidade de São Paulo, entre outras atividades integrava o
conselho da Associação Comercial de São Paulo.
Em 2004, Ana Bernardo cantou os maiores
sucessos do marido, Vanzolini, na entrega do
Prêmio Professor Emérito CIEE/Estadão.
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