Fonte: Acadêmica Agência de Comunicação

 

Vacina contra leishmaniose da UFMG ganha prêmio de R$ 200 mil

Pesquisa foi a vencedora do Prêmio Péter Murányi 2014 – área Saúde.

 

Uma vacina recombinante contra a leishmaniose visceral, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi a vencedora do Prêmio Péter Murányi 2014. Coordenada pelos professores Ana Paula Salles Moura Fernandes e Ricardo Tostes Gazzinelli, a pesquisa concorreu com outros 134 trabalhos inscritos para a 13ª edição do Prêmio, que contempla com R$ 200 mil o melhor trabalho científico na área da saúde.

O vencedor foi escolhido entre três finalistas por um júri composto por 25 integrantes, que se reuniu na tarde da última terça-feira (18/02), na Sala do Conselho do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo. Os coordenadores do trabalho vencedor e dos finalistas receberão o prêmio e as menções honrosas em uma cerimônia a ser realizada no dia 10 de abril próximo, em São Paulo. Os três trabalhos serão apresentados na 66ª Reunião Anual da SBPC, que será realizar entre 22 e 27 de julho, em Rio Branco, no Acre.

A pesquisa da UFMG trabalha com uma das formas mais severas desta síndrome infecto-parasitária: a leishmaniose visceral. Esta doença ataca animais, como cachorros, e é transmitida entre os animais e para o homem através da picada do mosquito palha. No organismo humano, o parasita compromete órgãos como fígado, baço e medula óssea, podendo matar. Os medicamentos existentes ou são muito tóxicos ou caros demais. Testes em animais, feitos em laboratório com camundongos e cães, comprovaram o potencial da vacina para animais, cuja eficácia foi testada em campo. A UFMG transferiu a tecnologia para o Laboratório Hertape. Atualmente, os pesquisadores trabalham para desenvolver uma vacina contra a leishmaniose visceral humana.

Os outros dois trabalhos finalistas que receberão diploma de menção honrosa são da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, com um estudo sobre os mecanismos envolvidos nos processo de sepse; e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com uma pesquisa sobre os efeitos positivos do exercício físico no tratamento da epilepsia.

Para o presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Luiz Gonzaga Bertelli, todos os trabalhos concorrentes estavam à altura de receber o prêmio maior. “A pesquisa vencedora tem impacto importante para ajudar a solucionar um problema de saúde pública; mereceu receber a láurea”, destacou.

Avaliação técnica – Os 135 trabalhos – 115 do Brasil e 20 de outros países da América Latina – foram analisados por uma Comissão Técnica e Científica formada por Lício Augusto Velloso, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp; Roger Chammas, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo; Francisco Laurindo, do Instituto do Coração; e Erney Felício Plessman de Camargo, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Na primeira etapa de análise, a Comissão selecionou 26 entre os 135 trabalhos inscritos, que foram encaminhados a pareceristas ad hoc. Estes, por sua vez, indicaram três finalistas para escolha do Júri. Ser inovador no momento da descoberta, trazer melhoria para a qualidade de vida da população de países em desenvolvimento e ter aplicação prática foram os requisitos para obter a indicação. Também foram considerados o tempo de existência, o histórico do grupo de pesquisa e de desenvolvimento do estudo, a publicação dos resultados em revistas científicas indexadas, a forma como o problema foi abordado, entre outros aspectos.

O Júri desta edição, além do CIEE, foi composto por representantes das seguintes entidades: Academia Brasileira de Ciências (ABC); Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP); Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/MEC); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – todas apoiadoras do prêmio. Também integraram o Júri representantes do Banco Daycoval; do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein; da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM); e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para a presidente da Fundação Péter Murányi, Zilda Vera Murányi Kiss, a disputa entre os concorrentes foi árdua, pois os três trabalhos têm altíssima qualidade científica, apresentaram benefícios mensuráveis, aplicabilidade ampla e um forte aspecto de transformação e melhoria de vida da população. “O trabalho vencedor, segundo a Comissão Técnica e Científica, oferece perspectiva para diminuir a incidência da leishmaniose, pois será a primeira vacina recombinate no mundo”, finalizou.

Sobre o prêmio – O Prêmio Péter Murányi é concedido anualmente desde 2002 e contempla de modo alternado quatro áreas: saúde, educação, alimentação e desenvolvimento científico e tecnológico. Seu objetivo é valorizar e estimular pesquisadores ou instituições, de qualquer parte do mundo, que se destaquem por suas descobertas inovadoras e práticas focadas no desenvolvimento e no bem-estar social das populações em desenvolvimento. Desde que foi instituída, há 15 anos, a Fundação Péter Murányi já distribuiu R$ 1,8 milhão em prêmios.

Fonte:
Acadêmica Agência de Comunicação