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É muito comum o emprego da expressão

trata-se de

com o sentido de:

a) ter por assunto, ter por objeto: Foi

convocada uma importante reunião para

esta manhã;

trata-se de

discutir a par-

ticipação dos funcionários nos lucros da

empresa.

b) ser, consistir em: Educar não é fácil;

trata-se de

uma técnica e de uma arte.

c) ter importância, adiantar, interessar:

Agora

não se trata de

pedir desculpas, mas

de reparar o erro.

Sobre a construção dessa expressão, observar

quando se deseja escrever conforme a norma culta:

1. O

se

que aí aparece é um índice de indeterminação

do sujeito. Ora, se o sujeito é indeterminado,

então na frase não deve aparecer um sujei-

to explícito. Não tem cabimento dizer,

por exemplo

: Esse novo livro se trata de

uma divertida aventura

.

2. Se antes do verbo houver uma

partícula atrativa (que, não, quando,

se

...

), o

se

deve vir antes do verbo. Mas

não é raro encontrarmos na imprensa

frases como esta:

A ovada em Salvador foi

um sinal. Mesmo com o atenuante de que

trata-se de um protesto secular...

A norma

culta pede:

A ovada em Salvador foi um sinal.

Mesmo com o atenuante de que se trata de um

protesto secular

.

Servfoto

ODILON SOARES LEME

Professor e autor de vários livros

sobre a língua portuguesa.

AFINAL, O TREMA (Ü) CAIU MESMO?

De acordo com a Base XIV da Reforma Ortográfica, o trema nos grupos que

,

qui, gue, gui emque o

u

é

pronunciado

,

foi inteiramente suprimido. Agora se escreve,

sem trema,

frequência

,

cinquenta

,

tranquilo

,

aguentar

,

arguir

.

O trema foi man-

tido apenas em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros em que figura o

trema: de Müller,

mülleriano

; de Hübner,

hüberiano

.

Com a supressão do trema, surge um problema prático. Como a gente vai saber,

com certeza, se em determinada palavra o

u

deve ou não ser pronunciado? Supõe-

se que a pessoa bem escolarizada tenha internalizado a correta pronúncia das pala-

vras. Mas a prática mostra que não é bem assim. Tem-se ouvido de pessoas supos-

tamente cultas a pronúncia incorreta, por exemplo, de

distinguir

e de

extinguir

.

Nessas palavras o

u não

deve ser pronunciado.

Para evitar esse problema, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa

(VOLP) registra sem trema mesmo as palavras em que o u deve ser pro-

nunciado, mas deixa claro, por meio de uma convenção, se o u deve ou

não ser pronunciado. Se deve ser pronunciado, a palavra vem seguida de

um

ü

entre parênteses. Por exemplo:

tranquilo

(ü),

cinquenta

(ü),

arguir

(ü),

delinquir

(ü),

redarguir

(ü).

Quando a pronúncia do u é opcional, a

palavra vem seguida de (

u

ou

ü

)

.

Por exemplo:

antiguidade

(

u

ou

ü

),

lí-

quido

(

u

ou

ü

)

,

sanguíneo

(

u

ou

ü

)

,

questionar

(

u

ou

ü

)

,

equitativo

(

u

ou

ü

). Quando o u não deve ser pronunciado, essas notações simplesmente

não aparecem, como ocorre com

adquirir

,

equivaler

,

equinócio

,

que-

rela

,

distinguir

,

extinguir

.

A lição importante é que nos verbos

distinguir

e

extinguir

o

u

não

deve ser pronunciado. A prova está em que, nesses casos, o u desapa-

rece antes de a e o. Do mesmo modo que

perseguir

faz

eu per-

sigo

,

que eu persiga

;

distinguir

e

extinguir

fazem, respecti-

vamente,

eu distingo

,

que eu distinga

;

eu extingo

,

que eu

extinga

.

Ou será que você teria coragem de dizer

eu distín-

guo; que eu distíngua; eu extínguo, que eu extíngua

?

U

?

!

DO QUE SE TRATA?

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