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Nilma Lino Gomes

é ministra-chefe da Secretaria de Políticas

de Promoção da Igualdade Racial

da Presidência da República.

tem por meta estabelecer uma rede, com a participação

dos estados e municípios, voltada à igualdade de opor-

tunidades, à defesa de direitos e ao combate à discrimi-

nação racial.

Para aderir ao Sinapir, o ente federado deve ter, além

de um conselho, um órgão de promoção da igualdade

racial em sua estrutura, que garanta a participação da

sociedade civil na construção da agenda local. Com isso,

o sistema estimula a institucionalização da política em

todo o Brasil, além de democratizar o acesso aos recur-

sos, uma vez que os projetos apresentados são seleciona-

dos em chamadas públicas. Outra regulamentação, ela-

borada pela em parceria com outros ministérios a partir

do estatuto, foi a instituição de cotas no serviço público,

que já garantiu o ingresso de 600 profissionais negros e

negras desde a publicação da lei, em junho de 2014. Com

isso, pretende-se que a composição do serviço público

passe a representar a diversidade da sociedade, o que

certamente produzirá efeitos positivos no enfrentamen-

to ao racismo e na manutenção da democracia.

Esses são exemplos dos avanços decorrentes do esta-

tuto, que especifica as obrigações do poder público nas

três esferas com a promoção da igualdade racial. Um

desafio que não pode ser atribuído apenas ao Estado,

mas que deve ser abraçado por todos os que sonham

com um país verdadeiramente democrático, social-

mente justo e orgulhoso de sua diversidade.

Nilma Lino Gomes

P

romulgado em 2010, o Estatuto da Igualdade Racial

acaba de completar cinco anos e é o documento que

garante a implementação de políticas públicas para a popu-

lação negra, possibilitando a correção de disparidades histó-

ricas no acesso a direitos que ainda não são plenamente des-

frutados por toda população brasileira. Apesar dos avanços

já conquistados, os números não deixam dúvida de que ain-

da estamos longe de superar o abismo racial no Brasil. Basta

constatar que dois terços dos pobres no país são negros; me-

tade da população negra vive abaixo da linha da pobreza; as

mulheres negras são as mais atingidas pelo desemprego; as

taxas de analfabetismo são duas vezes maiores entre negros;

e um jovem branco tem três vezes mais chance de chegar à

universidade do que um jovemnegro. Esses dados, entre ou-

tros, revelam que a população negra continua enfrentando

dificuldades no acesso a bens e serviços públicos, ao merca-

do de trabalho e ao ensino superior.

Para superar as diferenças, o governo federal tem investi-

do em políticas de ações afirmativas, que já demonstraram

ser capazes de impulsionar as bases da construção da igual-

dade racial. É o caso do sistema de cotas nas universidades,

que nos últimos dois anos assegurou 200 mil vagas para ne-

gros e negras em instituições de ensino superior e institutos

federais de todo o país. Nesse período, as universidades e

institutos atingiram, respectivamente, 56% e 77,5% das me-

tas estabelecidas na lei.

Com a promulgação do estatuto, a promoção da igual-

dade racial ganhou o alicerce jurídico necessário para que

essas ações se transformem efetivamente em políticas de

Estado. Nesse sentido, o documento instituiu o Sistema

Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), que

Divulgação Seppir

Ponto Final

Os dados revelam que a população negra

continua enfrentando dificuldades no acesso

a bens e serviços públicos, ao mercado de

trabalho e ao ensino superior.