A
trajetória de Maílson da Nóbrega, filho de al-
faiate, nascido numa cidade de dois mil habi-
tantes no interior da Paraíba, é emocionante.
Ele começou a trabalhar antes de completar
dez anos de idade, como descastanhador de caju. Com
muito esforço próprio, da família e até da sorte, chegou a
comandar a política econômica do Brasil. Economista e
consultor, foi ministro da Fazenda no período 1988/1990,
depois de longa carreira no Banco do Brasil e no setor pú-
blico. Aceitar o cargo de ministro da Fazenda, numa época
de hiperinflação, apesar de ser honroso, foi um dos maiores
desafios assumidos por Maílson. O governo José Sarney
havia perdido a confiança da sociedade após duas fracas-
sadas tentativas de estabilização da economia, os planos
Cruzado e Bresser. Ao estabelecer um paralelo entre aquela
época e a atual, Maílson aponta conquistas. Conquista do
governo Fernando Henrique Cardoso, “a estabilidade da
moeda é a principal diferença”. A outra é o campo institu-
cional. De lá para cá, o Brasil consolidou um conjunto de
fortes instituições, particularmente aquelas que exercem o
controle do governo. Para ele, o teto dos gastos públicos,
já aprovado, e a reforma da Previdência são elementos cen-
trais do esforço para que o país saia da crise e volte a cres-
cer. Ao deixar as funções públicas, Maílson continua lu-
tando pelo que acredita ser certo, agora como consultor
econômico e articulista de importantes veículos de comu-
nicação. Por essa e outras razões, esta edição traz um pou-
co da história desse economista, que quer viver até 105
anos trabalhando, viajando e escrevendo livros, como le-
gado para hoje e para o futuro.
LUIZ GONZAGA BERTELLI
Presidente do Conselho de Administração do CIEE/SP,
do Conselho Diretor do CIEE Nacional
e da Academia Paulista de História (APH)
Esta edição
traz um
pouco da
história de um
economista,
que quer viver
até 105 anos
trabalhando,
viajando e
escrevendo
livros
»
CARTA AO LEITOR
CIEE | Agitação
5