12
Agitação
nov/dez 2005
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Agitação
nov/dez 2005
Agitação -
Qual o peso da escolaridade
na construção da carreira?
D’Orsi -
No mundo de hoje, conheci-
mento é fundamental. São poucos os
bons executivos que não continuam es-
tudando, mesmo depois de terem suas
carreiras estabilizadas. Digo sempre que
a universidade, além de me dar uma pro-
fissão, me fez um grande bem: ensinou-
me a estudar. Estudo até hoje, inclusive
nos meus hobbies.
Agitação -
Além desse, que outros fato-
res fazem o sucesso de uma carreira?
D’Orsi -
Aplicação, interesse pelo que
acontece e pelas pessoas, mente aberta
e humildade para novos aprendizados,
avaliação correta das oportunidades,
modéstia nas vitórias e sorte. Esta, sem-
pre ajuda.
Agitação -
A da mão-de-obra no Brasil,
em especial no seu setor, é adequada às
necessidades e à complexidade cres-
cente do mundo da produção?
D’Orsi -
Como em todos os setores
industriais e tecnológicos, não há
excesso de gente bem qualificada.
É preciso procurar e, sobretudo, en-
contrar profissionais com potencial
para ser desenvolvido na própria em-
presa.
Agitação -
Comparando com o exte-
rior, o brasileiro sai bem preparado da
faculdade?
D’Orsi -
A comparação deve ser mui-
to mais pelo meio de preparação do
que pela qualidade final. No Brasil, há
faculdades que preparam tão bem ou
melhor do que as do exterior e lá fora
há aquelas que preparam pior do que
as brasileiras ruins.
Agitação -
Como o senhor define a sua
empresa?
D’Orsi -
Para usar uma expressão
atual, ela se enquadra na chamada
nova economia por suas características
tecnológicas e de adição de valor aos
produtos. Nossos pontos fortes são
o espírito de equipe, a agilidade e a
mente tecnológica.
Agitação -
Qual a capacitação exigida
para a nova economia?
D’Orsi -
A capacitação é cada vez mais
importante, tanto numérica como quan-
titativamente. A formação profissional
precisa estar focada nas mudanças que
estão ocorrendo nos modelos industriais
e comerciais, e que exigirão uma visão
muito mais aberta e ampla da empresa e
de seu papel na sociedade.
Agitação -
O fato de o corpo profis-
sional da empresa ser todo recrutado
no Brasil faz diferença na condução
dos negócios?
D’Orsi -
Faz muita. Um dos problemas
das empresas estrangeiras no Brasil é
a mistura de culturas entre os execu-
tivos importados e os brasileiros (ou
radicados no país) ou, pior, quando os
estrangeiros tentam impor a cultura das
matrizes na subsidiária nacional. Nossos
executivos têm plena liberdade para diri-
gir a empresa dentro das normas gerais
traçadas pela acionista principal.
Agitação -
Como é o programa de está-
gio na Interprint?
D’Orsi -
Nos picos anuais, chegamos a
contratar entre 35 e 40 estagiários. Te-
mos um amplo programa de preparação
e de aperfeiçoamento de mão-de-obra
em todos os níveis hierárquicos. Ele é
tão importante que, embora a sua verba
total seja aprovada juntamente com o or-
çamento anual da empresa, há uma reu-
nião, em tudo semelhante à que discute
e aprova o orçamento, especialmente
para debater e aprovar programas de
treinamento e de estágio para o ano.
Agitação -
O estágio é umcomplemento
ao aprendizado ou preparação de mão-
de-obra?
D’Orsi -
Ele é muito importante, tanto
como preparação como para comple-
mentar o aprendizado, inclusive o uni-
versitário. É fonte de recrutamento para
a própria empresa, pois permite uma
análise profunda das características do
futuro colaborador, muito mais profunda
do que qualquer análise de currículo e de
entrevistas de candidatos. O estagiário
você contrata pelo trabalho que ele de-
senvolveu.
Agitação -
Por que há empresas que re-
lutam em contratar estagiários?
D’Orsi -
Não sei. Será por medo de gas-
tar sem obter um retorno garantido? Ou
Aqui, há faculdades
que preparam
tão bem ou melhor
do que as do
exterior e lá fora
há as que preparam
pior do que as
brasileiras ruins.