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PONTO DE PARTIDA
ENEM
AOS 58 ANOS
A
vida de
Lúcia Maria de Oli-
veira Lima
, de 58 anos, nunca
foi fácil. Natural do interior do
Piauí e de uma família de sete irmãos,
precisou parar de estudar para ajudar
os pais na lida na roça. Quarenta anos
se passaram e ela, com três filhos for-
mados no ensino superior e avó, de-
cidiu ir atrás de umantigo sonho: for-
mar-se no ensinomédio e cursar gas-
tronomia. Para a primeira parte da
meta, há quatro anos, contou com
ajuda do Programa de Alfabetização
e Suplência de Jovens e Adultos do
CIEE Brasília/DF. Em novembro,
prestou, junto com mais 99 colegas
do curso, o Exame Nacional do Ensi-
noMédio (Enem), a fimde conseguir
o certificado de conclusão do antigo
colegial para partir para o ensino su-
perior. “Minha filha, que é advogada,
diz que se eu entrar na faculdade, ela
paga o curso”, diz Lúcia, que também
faz salgados para vender e atua como
cuidadora. “Não vou desistir enquan-
to não conseguir”, afirma.
“S
e hoje me encontro na posição em que estou,
posso dizer que o CIEE tem grande participa-
ção nesse resultado”. A afirmação é de
Luiz
Mourato Neto
, diretor executivo da Fundação Regional
Educacional de Avaré (Frea), que teve seu primeiro estágio
na agência da Caixa, emCeres, interior de Goiás. “Me senti
a pessoamais importante da cidade depois de ser aprovado
no processo seletivo”, relembra. “E a remuneração (bolsa-
auxílio), então, estava bemacima do que eu ganhava à épo-
ca.”. Outro fato que contribuiu para essa sensação é que ti-
nha de trabalhar com camisa social e gravata. Talvez hoje
isso pareça banal, mas na época, em uma pequena cidade
do interior com alto índice de desemprego, era uma opor-
tunidade única. “Só me restava retribuir da melhor forma
possível, procurando ser omelhor funcionário da agência.”
Terminado umano de estágio, o gerente da Caixa o indicou
para estágio emoutra instituição bancária. Naquela época,
com19 anos, MouratoNeto fazia o curso profissionalizante
de contabilidade e o estágio era registrado em carteira de
trabalho. Mas ele já havia trabalhado em diversos lugares
desde os 14 anos, semnenhum tipo de registro. “Hoje, pro-
curo replicar a atitude daquele gerente da CEF e, em par-
ceria como CIEE, proporciono anualmente oportunidades
para, pelo menos, 15 estagiários e quatro aprendizes.” Re-
sultado? A satisfação de ver vários seus ex-estagiários al-
cançaremposições cobiçadas nomercado de trabalho. “Da
mesma forma como fui tratado, eu os trato, sempre com
respeito e fé na capacidade de cada umdeles”, finalizaMou-
rato Neto, numa postura que vale por homenagem ao ges-
tor de seu primeiro estágio.
Divulgação
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Agitação | CIEE
UM ESTÁGIO PARA
RECORDAR