JOÃO CARLOS MARTINS
MAESTRO
‘AMÚSICA
VENCEU’
»
ENTREVISTA
UM DOS MAIORES INTÉRPRETES DE BACH,
SUPEROU UMA SÉRIE DE ADVERSIDADES
PARA TRANSFORMAR-SE EM UM DOS
HERÓIS DO BRASIL. FILME RETRATA PARTE
DESSA RICA TRAJETÓRIA DE VIDA.
8
Agitação | CIEE
Fotos: Jeff Dias
N
o centro de uma ampla sala de um apartamento nos
Jardins, bairro de São Paulo, um belo e imponente pia-
no ainda reina. Foi esse instrumento que tornou João
Carlos Martins conhecido nos cinco continentes como
um dos maiores intérpretes de Johann Sebastian Bach,
o gênio da música erudita. A trajetória de vida de Martins, cheia
de idas e vindas, já era um roteiro pronto para o cinema e o cineas-
ta Mauro Lima deu vida à história, com o filme
João , o maestro
,
que teve
avant première
no Teatro CIEE, em São Paulo, antes de
abrir o Festival de Cinema de Gramado e ganhar circuito nacional
(ver comentário crítico na pág. 37).
O drama do pianista começou após um tombo, quando jogava
uma pelada em Nova York, e rompeu um nervo da mão que bri-
lhantemente pressionava as teclas do piano com uma rapidez as-
sustadora. Alguns anos depois, foi derrubado pelo destino nova-
mente, após um assalto em Sófia, Bulgária, ao ser golpeado na ca-
beça com uma barra de ferro. A pancada comprometeu seriamente
o braço direito, afetando seus movimentos para sempre.
Mas isso não foi o suficiente para que ele vivesse apenas do
prestígio que conseguira como artista consagrado. João Carlos
Martins, aos 64 anos, e após tantas e tantas cirurgias, voltou à ativa
como maestro, após estudar regência e a dar oportunidades a jo-
vens talentosos músicos. Com o apoio do CIEE, formou a Orques-
tra Bachiana Jovem, commúsicos estagiários. Transformaram-se,
mais tarde, em profissionais, e hoje compõem a Orquestra Filar-
mônica Sesi-São Paulo.
Como tudo o que faz, omaestro conseguiu prestígio na nova car-
reira, levando a orquestra para tocar no Carnegie Hall, em Nova
York, omesmo palco emque costumava brilhar como pianista. A se-
guir, entrevista concedida a Claudio Barreto, repórter de
Agitação
.