Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  9 / 68 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 9 / 68 Next Page
Page Background

CIEE | Agitação

9

Divulgação

Como surgiu a ideia de um filme

sobre sua vida?

A ideia partiu da lenda do jazz David

Brubeck – umdos cincomaiores jaz-

zistas da história e o primeiromúsico

a ser capa da Revista Time, em 1950.

Um dos últimos concertos que Bru-

beck deu em vida foi comigo, no Lin-

coln Center, em Nova York. Ele co-

meçou, então, a discutir a ideia com

o cineasta e ator Clint Eastwood. De-

pois de assistir a um concerto meu, o

diretor Bruno Barreto falou: ‘João,

pode ser até o Spielberg. Esqueça que

um filme com a sua história pode ser

feito no exterior. Não vai dar liga.

Tem de ser feito no Brasil. E se for

um orçamento americano no Brasil,

a Ancine (

Agência Nacional de Cine-

ma

) não aprova.’ Então mandei uma

carta para o Brubeck, agradecendo

os esforços dele, mas que não estava

pensando em filme. E, se houvesse

um filme, seria rodado no Brasil.

O clã dos Barretos, responsáveis

por inúmeros sucessos, interes-

sou-se pela história?

Sim, mas como Bruno Barreto é um

grande cineasta, mesmo baseando-

se na minha história, poderíamos

não chegar a um acordo quanto ao

roteiro. Então, conversamos com o

pai, Luís Carlos Barreto, o

Barretão

,

e chegamos à conclusão de que a

própria Produções Barreto poderia

escolher outro diretor para o filme.

Barretão, com a Lucy Barreto, op-

taou pelo cineasta Mauro Lima, di-

retor de sucessos como

Meu nome

não é Johnny

e

TimMaia

. Ele teve to-

da a liberdade para escolher o elenco.

O senhor acompanhou o processo

da produção e filmagem?

Quando li o roteiro, vi que se apro-

ximava muito de realidade – claro

que há a parte da dramaturgia com

as ideias do diretor – mas eu não

queria uma biografia. Só tinha uma

exigência: que a parte musical deve-

ria ser 100% o que aconteceu na mi-

nha vida. Quanto à dramaturgia, ele

teria toda liberdade. E funcionou.

Fiquei contente com o roteiro e com

a direção do Mauro Lima.

É dif ícil ver sua história na tela,

sob outro olhar?

Como queria que a partemusical fos-

se

ipsis literis

com o que aconteceu,

pedi que consultassem jornais de épo-

ca na Alemanha, Estados Unidos,

Portugal, França, para ver que o que

eu falava era a verdade. Apesquisa de-

morou um ano. Mauro quis mostrar

minha obstinação pelo piano. Apesar

de eu ter tido separações, fui um pai

muito presente, mas o filme dá a ideia

de pai ausente. No filme praticamente

não aparece nenhum filho, mas eu te-

nho quatro. Ele disse que não dava pa-

ra desenvolver todos os personagens,

senão seria um filme de cinco horas.

Apesar disso, deve virar minissérie da

Globo no ano que vem.