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No Tratado de Versalhes, 32 nações discutiram a viabilidade da
aplicação dos 14 pontos propostos por Wilson. Os países perdedo-
res – Alemanha, Áustria, Hungria, Turquia e Bulgária – não foram
convidados à mesa de negociações. “Impôs-se à Alemanha uma
paz punitiva, justificada pelo argumento de que o país era o único
responsável pela guerra e todas as suas consequências, para mantê
-la plenamente enfraquecida”, escreve Hobsbawn. Além de perder
os territórios da Alsácia-Lorena (que havia tomado da França ao
final da guerra franco-prussiana), da Polônia e das colônias con-
quistadas, os alemães foram obrigados a se desmilitarizar, com a
extinção da força aérea e redução significativa da marinha e do
exército. A Alemanha só teve conhecimento do tratado quando foi
chamada a ratificá-lo. Os 14 pontos de Wilson não foram conside-
rados, o que revoltou o povo alemão. E as decisões dos vencedo-
res redesenharam artificialmente o mapa geopolítico do mundo,
gerando trágicas consequências que até hoje persistem, como os
conflitos étnicos da África e o Oriente Médio.
O Império Áustro-Hungaro foi desintegrado. Nasceram a
Checoslováquia, a Albânia, a Hungria e a Iugoslávia, que pouco
mais tarde seriam integradas na União da Repúblicas Socialistas
Soviéticas, a URSS. A Bulgária perdeu territórios para Iugoslávia
e Grécia. A Turquia também perdeu regiões, mantendo ape-
nas pequena porção na Europa. A Palestina ficou sob o domí-
nio britânico, e Síria e o Líbano viraram possessões francesas.
O Tratado de Versalhes condenava, portanto, a Europa a outra
guerra, 20 anos depois.
O Brasil e a Guerra
A I Guerra também trouxe consequências para os brasileiros.
Embora não participasse diretamente do conflito com soldados e
força bélica, o país apoiou os aliados com suprimentos e médi-
cos. Com a paralisação do mercado internacional, principalmente
com a queda das exportações de café – produto que se tornara
supérfluo em tempos de guerra –, entrou em crise econômica.
Surgiu a maior greve a que São Paulo já assistira, em 1917,
que paralisou as empresas e o comércio por cerca de um mês.
Também foi acompanhada por movimentos no Rio Grande do Sul
e no Rio de Janeiro. “A I Guerra gerou tal cataclismo que politizou
a sociedade, que exigia mais participação na política”, afirma o
professor do Mackenzie. Além disso, por causa da missão médi-
ca de ajuda ao exército francês, o vírus influenza, que provocou a
pandemia chamada gripe espanhola – também causa de muitas
mortes nos campos da I Guerra e que causou milhões de mortos
na Europa – desembarcou no país e acabou vitimando mais de
300 mil brasileiros em vários estados, incluindo o presidente da
República, Rodrigues Alves.
Exército inglês caminha por cidade
semi-destruída, em 1916. Abaixo, navio à
deriva, após explosão de mina flutuante, 1915.