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família em que o trabalho e a escola

eram uma coisa só. Sempre convivi

com o trabalho. E não como castigo.

Ficava no negócio da família fazendo

lição e atendendo clientes, esperan-

do meu pai para irmos para casa. Is-

so me deu uma enorme vantagem na

vida. A maioria dos meus amigos,

que não trabalhava, não tinha noção

das coisas. Como preencher uma

nota fiscal, pesar uma mercadoria,

atender o cliente, levar duplicatas ao

banco... Isso sempre fez parte do

meu dia a dia. Era prazeroso. Não ter

a chance de conviver com pessoas no

mundo do trabalho já dá uma des-

vantagem na vida. Quando cheguei

à faculdade de engenharia, só havia

dois ou três amigos com o mesmo

nível de conhecimento.

Então começar cedo foi um gran-

de benef ício para sua trajetória

profissional.

Ah, sim, desde cedo comecei a perce-

ber que ao contratar pessoas instinti-

vamente preferia as que tinham essa

vivência. Quando se começou a con-

tratar mulheres, a partir da década de

1960, as pessoas perguntavam se sa-

biam cozinhar, costurar. Na época,

não entendia o porquê disso. Mas se

alguém tem o hábito de fazer alguma

coisa, já leva uma vantagem sobre

quemnunca fez nada. Não interessava

o que se fazia. Quem está perto do

mundo do trabalho, sempre terá van-

tagem, em termos emocionais, pes-

soais e profissionais.

Seu pai, o empresário Mario Ama-

to, foi um dos líderes empresarias

mais atuantes em seu tempo. Qual

o principal legado que ele deixou?

O grande legado dele é a persistência.

Ele dizia que vencia asmaiores dificul-

dades coma persistência. Não adianta

só ser umcara estudioso, brilhante, se

não tiver persistência, se não acreditar

que pode fazer as coisas, elas não

acontecem. Meu pai tinha essa carac-

terística. Isso dava a ele um otimismo

muito grande, era entusiasmado em

tudo. Ele dizia que, desde que nasceu,

era um sobrevivente – porque nasceu

no auge da gripe espanhola, em 1918.

As pessoas hoje não fazem ideia do

que foi a doença em São Paulo. Dizi-

mou famílias inteiras. E ainda dizia

que nascera prematuro, o que tem a

ver com a persistência pela vida.

Mario Amato sempre foi um líder

muito contundente, batendo de

frente com vários políticos. O se-

nhor parece não seguir exatamente

essa linha.

Outro mundo, outra realidade. Meu

pai assumiu a vice-presidência da

Fiesp, e depois a presidência, logo

após a reabertura política. As entida-

des estavam passando por uma gran-

de transformação. O governo falava

uma coisa e a imprensa, para pegar o

contraponto, ia ouvir a opinião da

Fiesp. Havia muita visibilidade.

Osenhor tambémé umempresário

influente. Foi presidente da Asso-

ciação Comercial de São Paulo du-

rante quatro anos.

A ACSP foi a primeira entidade em-

presarial do estado e, acredito, do Bra-

sil. Opaís começou a virar gente gran-

de só há 150 anos. Naquela época, o

Jeff Dias

CIEE | Agitação

9

“Diante da

demanda, o

número de jovens

que o CIEE atende

– expressivo,

graças a Deus –

é uma gota no

oceano”