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Cuidados com a
fiscalização digital
Nos últimos anos, a legislação tributária vem sofrendo modificações visando à
adequação dos seus conteúdos ao processo de informatização do controle pelos
órgãos competentes. O Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) foi criado
para fiscalizar eletronicamente as empresas, diminuindo a fiscalização
in loco
e,
em contrapartida, aumentando o detalhamento. “Nem todas as empresas estão
em condições de cumprir as exigências da fiscalização; por isso é importante con-
tar com profissionais de contabilidade”, afirma
Antonio Sérgio de Oliveira
,
consultor tributário que apresentou a palestra
Como atender às exigências do
fisco na era digital
. A fiscalização eletrônica funciona não apenas para as
grandes e médias empresas, mas o governo federal vem ampliando as ações
também nas pequenas empresas, que são a maioria no país. “As grandes
empresas têm recursos; por isso, as pequenas sofrem mais para implemen-
tar as novas exigências”, diz. Entre as principais mudanças para as empresas
estão a adequação do sistema de informática, com cadastro de clientes,
fornecedores e produtos, e o controle de estoque. E um conse-
lho: “não esquecer de gravar
backups
periódicos, uma questão
de segurança”, em caso de glosa ou da necessidade de comprovar
pagamentos ou entrega de documentação contábil.
7/8
– Teatro CIEE, em São Paulo/SP.
A indústria brasileira, que se desenvolveu nos anos 1970, perdeu
impulso na década seguinte. Após empréstimos internacionais, o
país enfrentou dificuldades para pagar os juros da dívida externa,
que financiara a fase de desenvolvimento. Precisou, então, exportar
mais, reduzindo o consumo interno e os salários. Nos anos 1990,
com a abertura da economia, o país voltou a se inserir no mercado
internacional, mas a indústria, pressionada pelos altos tributos, não
tinha competitividade e ocorreu a invasão de produtos importados
pra atender ao consumo interno. Com o esvaziamento industrial,
o reflexo foi cortar o emprego de parte da classe média. Nos anos
2000, houve a retomada do consumo interno. “Os deslocamentos de
avião superaram os de ônibus”, aponta
Marcio Pochmann
, especia-
lista da Unicamp e ex-presidente do Ipea, na palestra
Os rumos das
classes sociais brasileiras
. Segundo ele, na década passada, 22 milhões
de empregos com carteira assinada foram criados no país. No entan-
to, 90% deles com remuneração até dois salários mínimos. “Isso per-
mitiu que pessoas com baixa escolaridade conseguissem trabalho.”
Para Pochmann, o Brasil tem de recuperar a vocação industrial. “Os
Estados Unidos também vivem esse dilema; a Inglaterra já sofreu
isso no século passado.”
29/7
– Teatro CIEE, São Paulo/SP.
Defesa do retorno à
vocação industrial
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