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Sobre Drogas
Ana Regina Noto
E
mmais uma frente na campanha de prevenção ao uso de drogas, o CIEE promoveu uma
nova ação comunitária direcionada aos pais e familiares de jovens. Na forma de diálogo
coletivo, tem por objetivo orientar os familiares sobre como lidar com seus filhos em relação
ao tema. Os encontros integraram as atividades dos postos volantes instalados pelo CIEE nos
Centros de Educação Unificados (CEUs), locais que oferecem serviços públicos de educação,
esporte, atividades recreativas e culturais, para crianças e jovens das comunidades.
De julho de 2013 a agosto de 2014, o CIEE instalou 42 postos volantes nos CEUs, in-
cluindo 20 encontros sobre drogas com 1.233 familiares, realizados sempre quando há dis-
ponibilidade de salas. As conversas são mediadas por profissionais de saúde vinculados ao
Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e abordam
os temas que mais provocam dúvidas, descritos a seguir.
Campanha Nacional Sobre Droga nas Escolas Superiores
Coordenada pelo CIEE, por delegação da Senad, órgão do Ministério da Justiça, consiste na realização de seminários em campi de universidades e faculdades,
na distribuição de folders informativos e na veiculação de matérias com informações de especialistas sobre o tema. As instituições de ensino interessadas na
realização de seminários gratuitos sobre prevenção ao uso de drogas devem contatar o CIEE pelo e-mail:
.
Ana Regina Noto
é professora adjunta do departamento
de Psicobiologia da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp)
CIEE vai às comunidades para orientar famílias
sobre como tratar a questão com os filhos
O que é dependência?
Uso, abuso e dependência são fenômenos diferentes. A dependência é
um estágio avançado do uso contínuo. Ela é caracterizada pela perda do
controle sobre o uso. Para algumas drogas, como o crack, a dependência
avança rápido. Para outras drogas, como álcool, pode demorar anos. A
dependência requer tratamento, enquanto o uso requer orientação
.
Por que um jovem desenvolve abuso ou dependência de drogas?
Não há uma “causa”. O comportamento problemático de uso ocorre
na interação de várias vulnerabilidades, que variam de caso para caso.
Alguns fatores são biológicos (como a predisposição genética), psicoló-
gicos (como autoestima e impulsividade) e sociais (como disponibilidade
da droga, grupos de amigos e desemprego). A família é apenas um dos
fatores que podem favorecer ou inibir o uso – assim, não pode e nem deve
ser acusada de causadora. Porém, os familiares podem ajudar muito na
prevenção e no tratamento.
Como conversar em casa sobre essa questão?
Buscar informações corretas é o primeiro passo, mas não em jornais
e revistas populares, que tendem a tratar o tema de forma simplista,
incompleta e muitas vezes inadequada. Também é importante ter em
mente que a desconfiança piora as relações entre pais e filhos. Ajuda
muito estabelecer limites (regras) claros e que tenham sido combinados
entre pais e filhos. Quando o uso de drogas avança, é comum surgir
medo, culpa, raiva, vergonha e impotência. É necessário superar esses
receios e mudar a forma de pensar, passando de
onde foi que errei? para
o que posso fazer a partir de agora?
Como e quais são os tratamentos disponíveis?
Existem muitas formas de tratamento, que variam quanto ao tipo de aju-
da e ao custo. Abrangem desde grupos de ajuda mútua gratuitos (como
Alcoólicos Anônimos) até internações muito caras. Todos apresentam
resultados semelhantes. Não é necessário pagar caro para ter um bom
tratamento. Porém, nenhum é
milagroso
. A dependência é um fenômeno
cujo tratamento exige muita paciência e determinação. Recaídas fazem
parte do processo de recuperação. Também é fundamental buscar orien-
tação para os familiares mais envolvidos.
Onde buscar informações?
Uma forma simples e rápida é o serviço VivaVoz 132.Também o diálogo
comunitário tem sido muito bem recebido pelos pais. Durante o encon-
tro, fica evidenciada a carência de informações. Conversas francas e
não julgadora contribuem para que as famílias se fortaleçam e ampliem
as suas possibilidades de ação.
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