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Análise
A
falta de capacitação das camadas mais jovens para
o mercado de trabalho configura um novo – e sé-
rio – problema mundial. O alerta, que não poderia ser
mais direto e preciso, foi dado pelo economista Roberto
Teixeira da Costa ao apresentar perspectivas para o cená-
rio econômico e social global em 2030 para o grupo de
empresários, dirigentes de associações de classe e analis-
tas que participaram da reunião de maio do Conselho
Superior de Estudos Avançados (Consea) da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os nú-
meros da Organização Internacional de Trabalho (OIT)
não dão margem a dúvida quanto à urgência de os go-
vernos e a sociedade concederem prioridade e o máxi-
mo de urgência à busca de solução a essa preocupante
carência: apenas 12,6% da população mundial entre 15 e
24 anos tinha emprego em 2012. Em números absolutos,
significa que, num universo de 582,5 milhões de jovens,
somente 73,4 milhões conseguiram espaço no mercado
de trabalho. Ou seja, 509 milhões estavam excluídos de
um promissor início de construção de um futuro como
membro produtivo da sociedade.
E o que é pior: de lá para cá, os sinais são de que a
situação pode ter se agravado, em consequência da per-
sistência da crise da economia internacional. Na Espa-
nha, país que está no olho do furacão que atinge a zona
do euro, a OIT indica que em 2012 o percentual de jo-
vens desempregados ultrapassou a marca dos 50% . Na
contramão de boa parte do mundo, no Brasil esse in-
dicador mostra queda nos últimos dez anos, passando
de 22,6% para 13,7%. Essa é uma das benéficas conse-
quências do esforço de modernização da economia em-
preendido pelo país em período anterior, quando a con-
tenção da inflação, a estabilização da moeda, as priva-
tizações de setores vitais (rodovias, telecomunicações,
Ruy Martins Altenfelder Silva
1...,34,35,36,37,38,39,40,41,42,43 45,46,47,48,49,50,51,52,53,54,...68