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pontos que motivam empresas e órgãos públicos a oferecer cres-
centes oportunidades de capacitação aos novos talentos, com a
qualidade e a responsabilidade traduzidas, ano a ano, no prêmio
As Melhores Empresas para Estagiar – concedido com base em
pesquisa sigilosa com os próprios jovens, conduzida por instituto
renomado e contando com o apoio da Associação Brasileira de
Recursos Humanos, seccional de São Paulo (ABRH-SP).
Os números tornam inegável que a união de esforços – sem
exclusão de nenhum eficaz agente de integração de novos ta-
lentos ao mercado de trabalho – é o caminho para evitar que
o Brasil, num futuro talvez mais próximo do que se supõe,
venha a amargar dois prejuízos: setores produtivos emper-
rados por falta de capital humano adequado e aumento do
contingente de jovens desocupados, com as consequências
conhecidas de todos. Essa visão de futuro dá peso à conclu-
são de Teixeira da Costa, dono de uma percepção de mercado
de quem, entre outras contribuições, criou a Comissão de
Valores Mobiliários, a CVM, que deu alento ao mercado de
ações brasileiro. Diz ele, com a simplicidade das verdades in-
discutíveis: as sociedades vão ter de se preocupar muito com
o emprego para os jovens.
Ruy Martins Altenfelder Silva
é presidente do
Conselho de Administração do CIEE e do Conselho Superior
de Estudos Avançados (Consea) da Fiesp.
Em números absolutos,
significa que, num universo
de 582,5 milhões de jovens,
somente 73,4 milhões
conseguiram espaço no
mercado de trabalho. Ou
seja, 509 milhões estavam
excluídos de um promissor
início de construção de
um futuro como membro
produtivo da sociedade.
energia, etc.), entre outras mudanças, pavimentaram o
caminho para a subsequente fase de expansão da eco-
nomia, beneficiada na primeira década do século 21
pelos bons ventos que inflaram a economia mundial
e patrocinaram vários anos consecutivos de expansão
do desenvolvimento.
Mas os últimos números do produto interno bruto
(PIB), em queda, indicam que os brasileiros não de-
vem se acomodar na zona de conforto gerada pelos
bons tempos. Até porque uma análise mais apurada da
questão jovem, mesmo na fase de expansão do empre-
go, revela que persistem e até se agravam graves distor-
ções no processo de formação de futuros profissionais.
O cenário que se desenha recomenda, mais uma vez, a
conveniência de se unirem as forças das ações gover-
namentais e das entidades sérias do terceiro setor para
cumprir a sábia determinação da Constituição, que
empresta tal importância à formação para o trabalho a
ponto de lhe dedicar um inciso entre os objetivos maio-
res da assistência social, explicitados no artigo 203.
Exemplo significativo da eficácia da sinergia entre o
poder público e as organizações filantrópicas na for-
mação de jovens são os resultados históricos de quase
meio século da existência do estágio e de mais de uma
década da exigência legal da oferta de programas de
aprendizagem, ambos voltados à inclusão profissional,
aliando as capacitações prática e teórica. O primeiro é
uma ponte entre os mundos do saber e do fazer, que
já beneficiou 11 milhões de estudantes com a opor-
tunidade de complementar com a prática profissional
o aprendizado acadêmico, graças à ação do CIEE. Os
segundos já beneficiaram mais de 110 mil jovens de
14 a 24 anos, em especial aqueles oriundos de extratos
mais vulneráveis da sociedade, com a oportunidade de
aliar o treinamento prático em empresas com a capa-
citação teórica ministrada pelo CIEE.
Os índices de efetivação – que chegam a 64% no
caso do estágio e a 70% na aprendizagem – dão a
dimensão do valor das duas modalidades de forma-
ção para assegurar a oferta de profissionais com per-
fil adequado às exigências da nova economia. Aqui,
vale abrir parênteses para lembrar o grande número
de vagas que permanecem em aberto por falta de can-
didatos aptos a preenchê-las. Esse talvez seja um dos
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