nhecimentos básicos da neurociência
na propaganda) são referências de
qualidade. Ocorre que os eleitores,
mais racionais, desconfiamdo discur-
so eleitoral, na esteira da lama que es-
corre nos vãos e desvãos da política.
Temem se deixar enganar facilmente.
Ou seja, comprar gato por lebre.
O fato é que a varinha de condão
é usada para empetecar atores pelo
país afora. Na última eleição, este
bordão não teve muito sucesso:
Fu-
lano fez
,
fulano faz
e
fará melhor
. O
eleitor está mais atento. Isso é oba-
oba de candidato. Como as tais obras
não aparecem, o que há é uma rever-
são de expectativas. Os geniais
feito-
res
desmoronam. Prefeituras e gover-
nos, ao se encostaremnomonumen-
tal paredão de pasteurização cons-
truído com a argamassa do marke-
ting de má qualidade, acabam soter-
rados. A grande distância entre a
imagem dos entes governativos e a
realidade social transforma o instru-
mento domarketing em arma mortal
contra ele próprio.
A degradação da política, sabe-se,
é um processo em curso e resulta da
antinomia entre o interesse indivi-
dual e os interesses coletivos. Essa
pertinente observação de Maurice
Duverger, quando estabelece compa-
ração entre o liberalismo e o socialis-
mo, explica bem nossa crise. A de-
mocracia liberal abriu imensas com-
portas para a corrupção e o socialis-
mo revolucionário se arrebentou sob
os destroços do Muro de Berlim. Daí
a procura por um novo paradigma
capaz de resgatar a velha utopia ex-
pressa por Aristóteles, em sua
Políti-
ca
: a de que o homem, como animal
político, deve participar ativamente
da vida da
polis
(cidade) para servir
ao bem comum. A
polis
, portanto,
não pode ser um negócio particular.
E o marketing político, por sua vez,
não deve e não pode ser instrumento
para mudar o conceito de política, de
missão para profissão.
ANTIPOLÍTICA TRADICIONAL
O eleitor deu um conjunto de recados no pleito municipal do ano
passado. O primeiro foi um puxão de orelhas na velha política, nas práticas
predatórias da politicagem e de politiqueiros. Foi um aviso de
basta
às
falsas promessas, aos dribles que candidatos costumam dar nos eleitores
nos ciclos eleitorais. Portanto, o repúdio à antipolítica tradicional ficou
evidente nos números de abstenção, votos nulos e brancos. Dos cerca de
25,8 milhões de eleitores que compareceram ao segundo turno, 14,3%
invalidaram o voto. No Rio de Janeiro, abstenções, votos nulos e brancos
somaram quase 47% no segundo turno. Dos 32,9 milhões de eleitores aptos
a votar no país, 21,6% não compareceram às urnas, crescimento de 13% em
relação ao pleito de 2012.
A segunda leitura que se pode extrair é a
de que o eleitor deu um
não
aos extremismos e
radicalismos, optando por um ponto no meio do
arco ideológico. Essa opção pode ser aferida
não apenas pelos votos conferidos ao PSDB,
com seu escopo social-democrata (um braço no
centro-direita, outro braço no centro-esquerda),
mas pela votação dada a quase trinta siglas, a
maioria delas sendo médias e pequenas, quase
todas integrantes da base governista. Alguns
falam de guinada conservadora, à direita. Mais
adequado é apontar para uma fixação eleitoral
no espaço central do arco ideológico.
RUMO AO CENTRO
n
14,3%
invalidaram o voto
n
47%
abstenções,
votos nulos
e brancos
SEGUNDO TURNO 2016
NO RIO DE JANEIRO
CIEE | Agitação
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